SAÚDE
Hospital de Base aplica técnica que evita cirurgias invasivas e atrai pacientes de todo o país
Esta terça-feira (3) marca no calendário o Dia Mundial do Pé Torto Congênito – uma condição que afeta cerca de um a cada mil recém-nascidos no mundo. Embora essa condição seja normalmente tratada ainda nos primeiros meses de vida, a rede pública de saúde do Distrito Federal adaptou o cuidado para corrigir os pés tortos congênitos em adultos, de forma menos invasiva.
Jurema da Rosa, atendida pelo ortopedista Davi Haje, passou pelo tratamento inicial e por cirurgia complementar: “É muito gratificante. Não tenho palavras” | Fotos: Jhonatan Cantarelle/Agência Saúde-DF
A iniciativa tem atraído pacientes de diferentes estados e recuperado a esperança de pessoas que não tiveram a oportunidade quando mais novas. Maria Dias, 47 anos, é uma dessas pessoas. Moradora de Alagoas, ela enfrentou décadas de limitações, até descobrir a possibilidade de tratamento no Hospital de Base (HBDF). “Vi por meio da televisão que teria como cuidar do meu caso na fase adulta”, relata. “Vim até Brasília e realizei o tratamento. Sou muito feliz por ter realizado esse sonho que foi de toda uma vida”.
O pé torto congênito é uma doença presente desde o nascimento do bebê, mais comum entre os meninos. Em aproximadamente 50% dos casos, a condição ocorre nos dois pés. “A doença pode ter um fundo genético ou hereditário, estar ligada a outras síndromes ou a enfermidades neurológicas. Na grande maioria dos pacientes, contudo, é idiopática, ou seja, não tem nenhuma outra causa associada”, explica o ortopedista do HBDF Davi Haje, um dos profissionais responsáveis pela implementação do tratamento nos adultos no DF.
Menos invasivo
Maria Dias enfrentou décadas até encontrar a solução: “Sou muito feliz por ter realizado esse sonho”
Antes, os métodos disponíveis para correção dos pés tortos congênitos em adultos envolviam cirurgias complexas ou fixadores externos. Atualmente, o tratamento utilizado é o Ponseti, criado pelo médico Ignacio Ponseti – cujo nascimento em 3 de junho é lembrado como data mundial de conscientização.
O método consiste na manipulação dos pés e na imobilização em gessos seriados, com posterior liberação do tendão de Aquiles por cirurgia minimamente invasiva. O procedimento é concluído com fisioterapia para reeducação da marcha. “No HBDF, conseguimos corrigir os pés sem cirurgia invasiva em 65% dos pacientes”, afirma Haje.
Dependendo do caso, é possível complementar a técnica com uma cirurgia óssea para terminar de corrigir os pés. Foi o que ocorreu com Jurema da Rosa, 54. A moradora do Rio Grande do Sul procurou o HBDF e, após o tratamento inicial, passou pela operação. “Eu estou me sentindo muito bem.; não tenho palavras para descrever”, comemora.
Atendimento
O tratamento é ofertado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Pacientes interessados devem procurar uma unidade básica de saúde (UBS), que fará o encaminhamento para o HBDF via Complexo Regulador. Também há casos atendidos por referência direta de outros profissionais da rede.
*Com informações da Secretaria de Saúde